segunda-feira, 19 de maio de 2014

O grave equívoco do orgulho

    "Raul era oftalmologista. Seus anos de clínica e cirurgia lhe haviam granjeado fama e dinheiro. Embora os aplausos do mundo, os trabalhos premiados, era um coração bondoso. 

Jamais perguntava ao paciente se dispunha ou não de recursos amoedados para pagá-lo. Simplesmente o atendia. 

Estudioso e pesquisador, os anos lhe permitiram aprimorar a técnica cirúrgica e, com alegria, via-se a devolver a vista a cegos. 

Seu mundo era a ciência, a família, e seus inumeráveis enfermos. 

Uma de suas filhas se casou e se tornou mãe de uma linda menina. Os seus olhos eram formosíssimos e Raul se apaixonou pela neta. Sempre que possível, a tomava nos braços, saíam a passeio. 

A menina, por sua vez, adorava o avô . 

Certo dia, a garota adoeceu gravemente. A enfermidade lhe afetou os olhos. Raul não comia, nem dormia. Ficava ao lado da doentinha, enquanto devorava os livros, buscando uma forma de devolver a luz para os olhos que eram sua própria vida. 

Sua habilidade conseguiu fazer com que ela voltasse a enxergar com um dos olhos. Mas o outro deslocou-se de sua órbita e ficou irremediavelmente perdido. 

Raul pareceu enlouquecer. 

Logo ele, que devolvera a vista a tantos, se via impotente ante a tragédia da neta.

Para que lhe servia a ciência? - Perguntava-se. Para nada. 

Acabrunhado, principiou por negar a se alimentar. Alguns dias ainda se serviu de água. Depois, passou a recusá-la também. 

Murmurava entre dentes: Já não sirvo para nada. E quando não se serve para nada, é melhor deixar o lugar para outro.

Morreu de fome. Orgulho e rebeldia o perderam. Uma vida tão cheia de bênçãos jogada fora. 

O orgulho o cegou. Ao se ver impotente para resolver o problema da neta, seu desespero chegou a um grau superlativo. 

Impossibilitado de servir a quem tanto amava, preferiu morrer. Não pôde suportar a ideia de sua pequenez, de seu poder limitado."

Texto: Nova Era

E agora eu lhe pergunto: pra quê tudo isso se viemos do mesmo pó?
Pra quê se perder na vida, sendo que é possível viver uma vida de amor puro e felicidade?
É. Eu lhe pergunto...

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